quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Inteligência se aprende


Durante décadas e décadas (e até séculos!), considerou-se e propagou-se que inteligência não se aprendia, ou ela era recebida hereditariamente ou a pessoa estava condenada a ser um menos, um súdito, um ser inferior, um eterno servidor dos que teriam sido agraciados com capacidades superiores e, portanto, tinham direito, digamos, divino, a desfrutar do melhor, à feição dos reis que eram tratados (e são!) como representantes de Deus na Terra. Segundos os tais “agraciados”, a inteligência seria como um dom concedido pelos deuses.

Ora, conhecimento é poder, que dizer-se, então, da inteligência, que é a faculdade que permite adquirir cada vez mais conhecimento, vale dizer, PODER; por isso, a inteligência transformou-se num tabu, numa interdição cultural só acessível aos iniciados. Falar-se em “ensinar inteligência” era algo que nem se cogitava, pois que ela era considerada hereditária, quando hoje sabemos que hereditária é a capacidade de aprender inteligência. E quando se rompeu esse tabu? É claro que esse tipo de coisa não se rompe de uma hora para outra. Ao longo de séculos, com toda certeza, houve quem suspeitasse que inteligência pudesse ser ensinada e aprendida, mas ninguém ousava manifestar-se, por temer a ir para a fogueira ou contrariar a ciência oficial, dogmática como sempre, não obstante sabermos todos que ela é sempre provisória.

Em nosso mundo “moderno”, podemos dizer que a visão errônea de que inteligência não se ensina nem se aprende foi rompida pela publicação do livro “Way Beyond the IQ – guide to improving intelligence and creativity”, de 1977 (“Para Além do Q.I. – um guia para melhorar a inteligência e a criatividade”), do psicólogo norte-americano J. P. Guilford, que já tinha estudado muito a estrutura do intelecto. Não se pense que estamos querendo dizer que foi ele quem tratou do assunto “ensinar inteligência” pela primeira vez. Queremos apenas lhe conceder a primazia de ter afrontado o mundo acadêmico com seu livro citado. Antes dele, muitos outros autores tocavam no assunto aqui e ali, mas nenhum psicólogo ou professor tenha tido a coragem de desafiar a ciência oficial. Guilford abriu o caminho para o mundo acadêmico aceitar que inteligência se ensina. Muitos outros autores, de antes e depois de Guilford, se detiveram no estudo da inteligência.

Mas o Dr. Guilford, não obstante seu excelente trabalho, limitou-se à inteligência das funções cognitivas, mais relacionadas ao hemisfério esquerdo do cérebro, quando hoje sabemos que a inteligência é algo muito mais abrangente que a inteligência que supostamente se mede pelos testes de Q. I. O desenvolvimento das funções cognitivas é muito importante, mas precisamos nos voltar também para a inteligência natural, nativa, a que permite o desenvolvimento das potencialidades humanas como elemento de autorrealização, aí incluída a própria inteligência racional. A inteligência é una, cuja totalidade não pode ser desfeita, mas deve ser tratada sob dois aspectos, o da grande inteligência, como função do organismo para a autopreservação e preservação da espécie e a inteligência racional, surgida já como uma necessidade gerada pelo outro aspecto. A inteligência está ligada ao psiquismo da pessoa, haja vista o papel da sugestão em grandes realizações humanas. A inteligência una, formada pela inteligência natural, nativa, mais a inteligência racional, é passível de ser ativada, como demonstram os ensinamentos da Emotologia.

Enfim, estamos vivendo numa época de grandes conquistas no terreno da mente, sendo esta de que inteligência se aprende talvez a maior de todas. Não está longe o dia em que as escolas vão ensinar inteligência, como uma disciplina curricular. Há muitos anos temos lutado por isso. Ah! Que dia feliz será este! Teremos ultrapassado o verdadeiro problema que se escondia atrás do rótulo de que inteligência não se aprende, rótulo esse que visava não a tornar algumas pessoas inteligentes, mas, sim, fazer que a maioria se sentisse inferior, pois a inteligência sempre foi tratada mais como um problema político que científico.

Professor Luiz Machado, Ph.D.
Cientista Fundador da Cidade do Cérebro®
Mentor da Emotologia.

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Uma professora apaixonada pelo ato de aprender e ensinar!!! Amo o que eu faço e procuro ampliar cada dia mais minhas aptidões,assim posso fazer melhor o que me proponho a fazer: Ensinar de verdade!!!