domingo, 19 de setembro de 2010

:: Antônio Peixoto (Florianópolis): educar através da pesquisa

Falando de Identidade na Escola - Feira de Objetos Antigos

Por Josane Fernanda Lisboa *

Vamos falar de identidade? Sim vamos. Esta foi a minha proposta com a feira de objetos antigos no Colégio Antonio Peixoto, realizada pelos alunos do Segundo Ano do Ensino Médio. Temos que falar de ética e moral? Temos, mas precisamos urgentemente falar de valores, de família. Assim sempre entramos neste debate nas nossas aulas evitando conceitos já pré-estabelecidos, mas fazendo-os pensar sobre isto. Quando defendi esta proposta metodológica , no início muitos alunos disseram que não tinham nenhum objeto para expor mas depois todos estavam prontos para fazer a sua exposição. A proposta vem do pensamento ligado ao estudo da sociologia nas escolas e a realidade do aluno, onde conceitos importantes são discutidos: identidade juvenil, conhecimento de si - aluno, conhecimento da turma, história de vida, noção de sujeito histórico, cultura, culturas juvenis, manifestação e diversidade cultural e noção de patrimônio histórico . Muitas vezes, nós, educadores , nos prendemos a salientar à nossos alunos a importância do patrimônio histórico por exemplo , mas não o fazemos pensar como isso é importante para a preservação da cultura, da nossa história. Conceitos existem em apostilas e livros didáticos e são importantes para um embasamento teórico, mas devemos nos preocupar em inovar nossas aulas e a feira de objetos antigos que realizamos foi com o objetivo de uma educação mais cientifica , voltada para a pesquisa , lembrando do pensamento de Pedro Demo: “ Educar pela Pesquisa” . Se fala tanto em pesquisa cientifica, mas a pesquisa na educação tem que ser valorizada . A teatralização é um grande caminho para isso , os alunos podem incorporar uma época, uma situação vivida , se tornando assim o instrumento daquela ação e essa é a proposta do meu projeto. “ A maneira pela qual a informação é tratada como produto descartável pela sociedade, se faz necessário grandes mudanças no universo estudantil. Existe ai grandes possibilidades para produção do conhecimento científico e ao mesmo tempo a transformação de valores em escala social. Quanto mais próximo do conhecimento científico o educando estiver, mais chances haverá desse conhecimento sobreviver por mais tempo e não apenas até o dia da avaliação como se tem em vista. É necessário que o educando perceba a informação científica como um meio para sua formação como cidadão crítico, e o teatro, como ferramenta pedagógica, pode ser uma ponte para essa percepção, se tornando uma porta de abertura para a difusão do conhecimento científico entre os alunos em sala de aula”(.BIZZO, N. Ciência Fácil ou Difícil. São Paulo: Ática. 1998) Falar de identidade e cultura é preparar nossos alunos para discutir e o mais difícil, produzir algo sobre o assunto. A feira trouxe para o pátio do colégio objetos muito antigos e até uns mais recentes, para nós é claro. As explicações de nossos alunos iluminaram o olhar dos educadores, pois estavam falando de herança cultural, o que sempre deve ser resgatado junto aos conceitos da prática da ética e da moral, tantas vezes discutidas em palestras educacionais e em temas de redação dentro dos vestibulares. Observar e discutir a cultura local, da nossa família, resgata valores e aproxima pais e filhos. É importante o educador ter consciência da época em que este aluno vive, ou seja, o que é antigo para ele muitas vezes não é para nós. Mas o que realmente vale a pena é que rompemos as paredes da sala de aula (Paulo Freire ), saímos um pouco das apostilas e dos livros e fomos para uma cultura prática e então um enfeite da sala ou um móvel antigo virou conteúdo de aula . E lá estavam eles, nossos alunos, com aqueles objetos, explicando para todos os alunos do colégio, inclusive para os pequeninos, que cultura não é apenas um conceito, é a forma de mostrar a nossa história, a nossa identidade . Falando da cultura local com certeza estarão produzindo novos conhecimentos e gerando um aprendizado significativo.





* Josane Fernanda Lisboa, historiadora , Especialista em Políticas Públicas , professora da Rede Privada de ensino e Formadora de Educadores em todo o Estado de Santa Catarina .

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